O cargo de diretor jurídico de empresa nos EUA, traduzido como general counsel (GC), ganhou um novo status: o de chief legal officer (CLO). A nova denominação, que vem sendo largamente adotada em todo o país, coloca os diretores jurídicos no seleto grupo dos principais executivos das grandes empresas, cujos cargos compõem a C-suite.
A C-suite engloba os cargos que começam com a letra “C” de chief: CEO (chief executive officer), CFO (chief financial officer), CIO (chief information officer), COO (chief operations officer), CMO (chief marketing officer), CQO (chief quality officer), CTO (chief technology officer) etc. E pode haver duplo significado: CMO pode ser chief medical officer, por exemplo.
Nos EUA, isso significa muita coisa. Eleva o status do cargo, colocando-o na elite que compõe o alto escalão da empresa, faz com que o CLO seja subordinado diretamente ao CEO e garante um assento na mesa do conselho da empresa — o que, na verdade, já é um privilégio de alguns diretores jurídicos com a denominação de “GC”. E, não menos importante, aumenta significativamente a renda.
De acordo com uma pesquisa feita em 2018 pela Associação dos Diretores Jurídicos Corporativos, 70% dos CLOs ou GCs estão subordinados diretamente ao CEO. E 80% dos CLOs ou GCs de empresas com receitas anuais de mais de US$ 3 bilhões participam das reuniões do conselho de suas empresas.
Ter um assento no conselho significa que o diretor jurídico tem a capacidade de exercer maior influência dentro da organização.
“Uma das maiores diferenças entre hoje e 10 anos atrás é que agora o diretor jurídico exerce um papel proativo dentro da empresa. O que o conselho ou o CEO estão querendo é que o diretor jurídico esteja envolvido, desde o início, na tomada de decisões importantes”, disse o fundador da BarkerGilmore, John Gilmore, ao Jornal da ABA (American Bar Association).
As empresas querem a participação dos diretores jurídicos nas tomadas de decisões estratégicas desde o início, principalmente por causa da gestão de riscos geopolíticos e da importância do compliance, disse ao Jornal da ABA o ex-diretor jurídico do Linkedin e do Yahoo, Michael Callahan.
“Um diretor jurídico, que pode ver todos os aspectos diferentes de uma perspectiva jurídica ou de compliance, passa a ser olhado, com o tempo, menos como um diretor responsável pelas funções jurídicas da empresa e mais como um acelerador dos negócios.”
Elite dos milionários
O cargo de CLO converge o que mais excita os executivos de qualquer organização, diz o Above the Law. A publicação divulgou o ranking de 2018, elaborado pela Corporate Counsel, que relaciona os CLOs com rendas mais altas em 2017, combinando salário, bônus em dinheiro e incentivos não derivados de participação acionária.
Curiosamente, o levantamento da Corporate Counsel não incluiu o CLO que mais ganhou dinheiro em 2017. Com o acréscimo de rendas derivadas de ações da Apple, o ex-diretor jurídico da empresa Bruce Sewell recebeu US$ 24 milhões em 2017, afirma o Jornal da ABA.
Ainda segundo a publicação, a renda média dos diretores jurídicos (CLOs ou GCs) das 500 maiores empresas do país foi de US$ 2,7 milhões em 2017. A renda média dos diretores jurídicos das demais empresas foi de US$ 735 mil por ano, enquanto a renda média das diretoras jurídicas foi de US$ 560,5 mil por ano — explicitando a diferença de renda entre homens e mulheres, mesmo nos cargos de alto escalão.
Os números da Corporate Counsel, segundo seu levantamento, são um pouco diferentes: o salário médio dos diretores jurídicos, em 2017, foi de US$ 717,2 (um aumento de 2,5% sobre o ano anterior), e o bônus médio por ano, de US$ 1,5 milhão (um aumento de 31,1% sobre o ano anterior).
Por: João Ozorio de Melo
Revista Consultor Jurídico